Bem-aventurada Francisca Schervier

Bem-aventurada Francisca Schervier

Lembranças de Madre Francisca

                                                        De 1876 a 1900

Madre Francisca Schervier morre no dia14 de dezembro de 1876, em Aachen, na Alemanha.  Imediatamente a Congregação registra os detalhes de sua última doença, morte e funeral. As Irmãs são estimuladas a escrever e partilhar suas lembranças de Madre Francisca. Também são preservados os seus ensinamentos e as suas cartas. Logo em seguida, o Pe. Ignatius Jeiler, OFM, usa esses escritos e memórias recolhidos para escrever a sua biografia de Madre Francisca, publicada em 1893.

O processo oficial tem início

Década de 1910

O cardeal Anton Hubert Fischer inicia o Processo de Beatificação na Diocese de Colônia em 1912. Fischer morre pouco depois. No ano seguinte, o cardeal Felix von Hartmann, novo arcebispo de Colônia, abre o Processo Ordinário de Beatificação na Arquidiocese de Colônia, realizado na cidade de Aachen. Ele nomeia um tribunal para coletar informações sobre a vida e as virtudes de Madre Francisca. Madre Sienna Etscheid solicita à Irmãs que conheceram Madre Francisca pessoalmente, a escrever suas lembranças e reflexões. Conclusivamente, elas são submetidas a um juramento e “testemunham a santidade da vida de nossa Madre ou à sua capacidade de mirar o futuro e sondar corações individuais”. As Irmãs na Alemanha testemunham oficialmente no decorrer do ano seguinte.

Durante este período do longo processo de Beatificação, as Irmãs tanto nos Estados Unidos como na Europa recolhem relatos de pessoas que afirmam receber ajuda especial da Madre Francisca, inclusive ajuda espiritual e física; conversões; retorno à fé católica; uma morte feliz; alívio das tentações; cura ou alívio de doença ou aflição; prevenção de operação cirúrgica, e recuperação inesperada de doença. Todos os relatos são escritos e encaminhados para a Casa Mãe, em Aachen.

Década de 1920

A Primeira Guerra Mundial causa uma longa demora na coleta do testemunho das Irmãs missionadas nos Estados Unidos. Finalmente, em 1919, as Cartas Rogatoriais são emitidas aos bispos nos EUA.

Estas cartas autorizam as dioceses fora de Colônia a realizar entrevistas com testemunhas e anotar esses testemunhos. Ao longo dos anos seguintes, Sessões são convocadas em Columbus e Cincinnati, Ohio e em Nova York.

O Processo Ordinário é concluído, com êxito, em Aachen, em 1923. Em 1924, os Atos do Processo Informativo na Causa de Beatificação de Madre Francisca são submetidos à Sagrada Congregação dos Ritos. Os Anais Congregacionais registram uma feliz coincidência relacionada a Clara Fey, a boa amiga de Madre Francesa. Os atos para a causa da Beatificação de Madre Clara Fey são submetidos ao Vaticano, ao mesmo tempo. Madre Zacharia Grimberg, em uma carta à Congregação, observa a continuidade da conexão entre essas duas amigas. Na mesma carta, Madre Zacharia também pede às Irmãs que promovam a devoção a Madre Frances por sua própria necessidade e também pela sua intercessão pelas pessoas a quem suas Irmãs ministram.
O decreto de aprovação dos escritos de Francisca Schervier é emitido no dia 28 de fevereiro de 1928.

                               

Esperando começar o processo apostólico

Década de 1930

Apesar do encerramento do Processo Ordinário em 1923, o Processo Apostólico não é iniciado imediatamente. A Congregação e os oficiais da Igreja, ansiosos para avançar o processo, apelam para o Vaticano. No final da década de 1920, Madre Zacharia e Ir. Mary Alacoque Kemper (Vigária dos Estados Unidos) escrevem ao Vaticano, pedindo a abertura do Processo Apostólico. Em breve, elas recebem o apoio de nove bispos dos Estados Unidos, que também pedem que o processo apostólico seja iniciado. Em 1933, Monsenhor Salvatore Natucci, Promotor Geral da Fé, informa o Postulador Anthony M. Santarelli que agendaria pessoalmente a petição para abrir o Processo Apostólico na Congregatio Ordinaria seguinte, prevista para 8 de maio de 1934.

Em preparação para esse 8 de maio, os cardeais do Sacro Colégio Pontifício recebem cópias impressas encadernadas de todos os testemunhos para ler e estudar. As Irmãs mantêm devoções, inclusive novenas, adoração do Santíssimo Sacramento e Missa, solicitando um resultado positivo.

No dia 8 de maio de 1934, o Colégio Sagrado recomenda ao Papa nomear a comissão para a introdução da causa. Ao fazê-lo, o Papa abre o Processo Apostólico. Um decreto é emitido para a Introdução da Causa de Francisca Schervier, Terciária da Terceira Ordem de São Francisco. Com a abertura do Processo Apostólico, a causa é transferida da jurisdição do bispo local para a Sagrada Congregação dos Ritos. Um telegrama radiante de alegria, propagado pela Casa Mãe, anuncia: “O Reverendo Postulador telegrafou que o Processo foi aprovado. Deo gratias! “

 

Em seguida, o Decreto de Non-Cultus deve ser emitido. Este decreto afirma que não houve veneração pública de Madre Francisca e que ela não foi tratada nem como santa nem bem-aventurada. Em 1935, o Postulador pede ao Promotor que emita rapidamente o Decreto de Non-Cultus. Irmãs e outras pessoas que tinham conhecido Madre Francisca em quanto era viva, estão mais velhas e vão morrendo e se teme que o seu testemunho se perca. O decreto é logo concedido. 

Também um outro rescrito é concedido, afirmando que os exames feitos em Aachen eram suficientes para estabelecer a santidade e a reputação de Madre Francisca e nenhuma outra nova investigação é requerida pelo Vaticano. A identificação e inspeção dos restos mortais de Madre Francisca e do local do seu sepultamento também ocorrem esse ano.

Madre Francisca ainda não é chamada de “Venerável”, o título dado a uma pessoa falecida reconhecida formalmente pelo Papa como tendo vivido uma vida de virtude heroica. O Bispo de Aachen tem autoridade para coletar testemunhos sobre as virtudes particulares de Madre Francisca. Ao mesmo tempo, relatórios de possíveis milagres continuam a ser recolhidos e encaminhados para o Postulador, em Roma. Infelizmente, a eclosão da Segunda Guerra Mundial atrasa por muitos anos essa determinação da sua virtude heroica.

Virtudes e Milagres

Décadas de 1960 e 1970

No dia 22 de fevereiro de 1960, a Positio sobre as Virtudes de Madre Francisca é finalmente apresentada à Sagrada Congregação dos Ritos. A Positio, preparada pelo Postulador, é um resumo abrangente de toda a documentação. Ele resume a investigação da vida de Madre Francisca e das virtudes heroicas. O Papa João XXIII morre em 1963, o que acaba adiando a decisão sobre suas Virtudes e a conferição do título de “Venerável”. Em 1968, o Postulador Antonio Cairoli, OFM, prepara uma carta dirigida ao Papa Paulo VI tendo como motivo principal para a Beatificação da Madre Francisca, as suas ações e virtudes que são tão relevantes na atualidade (1960) como durante sua vida. “Ela é heróica em suas virtudes, e moderna na sua caridade”, escreve Cairoli. Finalmente, em 30 de janeiro de 1969, o Papa Paulo VI proclama a “heroicidade das virtudes” de Madre Francisca e declara-a “Venerável”.

A prova de uma vida virtuosa não é suficiente para conferir o título de “Bem-Aventurada”. Dois milagres comprovados são necessários [note-se que hoje em dia um só milagre é suficiente]. Em 1962, os dois milagres necessários são apresentados à Sagrada Congregação: a cura de William Anness de Covington, Kentucky e de Ludwig Braun, da Alemanha. Em 1970, a alegada cura do Sr. Anness não é aceita como autêntica. Um representante do Sagrado Colégio dos Ritos é enviado à Diocese de Covington para reexaminar as testemunhas novamente antes de rejeitar oficialmente o suposto milagre. Ir. Marie Veronica Amato atua como sua intérprete italiana, porque o padre não sabe falar inglês. Um dos médicos continua a se recusar em concordar com a natureza milagrosa da cura. Por isso, ela acaba sendo rejeitada, em 1972.

No dia 18 de outubro de 1972, o Papa Paulo VI, atendendo ao recurso apresentado pelo Rev. Johannes Pohlschneider, Bispo de Aachen, concede uma dispensa apostólica da prescrição contida no Cânone 2117 do Código de Direito Canônico, de modo que, após uma verificação legalmente válida e um exame completo de apenas um milagre, a causa possa passar para a fase seguinte. No ano sucessivo, a cura “clinicamente inexplicável” e a súbita cura do Sr. Ludwig Braun de uma doença pancreática e intestinal é reconhecida como o milagre necessário para a Beatificação de Madre Francisca. O decreto que reconhece o milagre é assinado em 18 de outubro de 1973 pelo Papa Paulo VI. Os restos mortais de Madre Francisca são trasladados para sua localização atual, mais pública, na capela da Casa Mãe, no dia 14 de dezembro de 1973.

A Beatificação

1974

A Liderança Congregacional solicita os nomes das Irmãs que desejam participar da Beatificação. As economias colocadas em uma conta especial em nome da Beatificação, iniciada mais de 30 anos antes, são usadas para financiar uma peregrinação espiritual a Roma e à Alemanha para mais de 70 Irmãs Franciscanas dos Pobres. As Irmãs viajam dos seus respectivos países para Roma no final de abril de 1974.  Elas visitam Vermicino e Frascati e se preparam, rezando pela Beatificação.

No dia 28 de abril de 1974, as Irmãs Franciscanas dos Pobres, as Irmãs Pobres de São Francisco, o clero e muitos convidados se reúnem na Basílica de São Pedro para o Rito da Beatificação. Durante a missa, o Bispo Pohlschneider apresenta o Pedido de Beatificação e o Papa Paulo VI lê o decreto. Terminada a leitura, abrem-se as cortinas revelando duas pinturas retratando Madre Francisca: uma dentro da Basílica e a outra voltada para fora, na Praça de São Pedro. O Papa fala então de Madre Francesa durante a Homilia, dirigindo-se às duas Congregações, tanto em alemão como em italiano. A Procissão do Ofertório inclui como oferendas: vinho de Frascati, velas de Aachen e buquês de lírios. A Beatificação permite também que doravante Francisca seja chamada de “Bem-Aventurada”.

O título permite uma “veneração limitada” de Madre Francisca. Veneração limitada significa que a pessoa é honrada ou venerada em uma região específica, como uma diocese, por exemplo; ou por um grupo específico, como uma Congregação religiosa, mas não é venerada pela Igreja Católica mundial.

Após a Missa, algumas participantes são apresentadas ao Papa, inclusive Madre Alexiana, Ir. Rose Margaret Delaney e muitas Irmãs. Também se encontra presente, acompanhado pela sua família, o Sr. Louis Braun, miraculado por intercessão de Madre Francisca. John Dessauer, parente distante de Madre Francisca, também participa da Beatificação e da Audiência Papal.

Durante os dias sucessivos, as Irmãs visitam locais sagrados em Roma e fazem passeios turísticos. Elas participam de um Tríduo de Missas em Ação de Graças pela Beatificação de Madre Francisca na Igreja de Santa Maria em Traspontina.

As Irmãs viajam a Assis no dia 2 de maio e retornam a Roma no dia 5 de maio, e em seguida embarcam em um trem e viajam durante a noite até Colônia, na Alemanha. No dia 6 de maio, as Irmãs chegam a Colônia em tempo de assistir à Missa Solene e fazer uma visita guiada da renomada e antiquíssima Catedral.  Em seguida, seguem para Aachen, onde são graciosamente recebidas por Madre Alexiana e as outras Irmãs.

As Irmãs das duas Congregações passam vários dias em alegre convívio, celebrando a vida de Madre Francisca, visitando os lugares importantes na vida da Beatificada, inclusive  as igrejas de Lindenplatz, de São Nicolau e de São Tiago, o primeiro convento, a casa da Porta de São Tiago e o cemitério onde o corpo de Madre Francisca tinha sido sepultado quando ela morreu.

Visitam também os túmulos de outras queridas Irmãs, do Padre Istas e de Clara Fey, além dos jazigos da família Schervier. No dia 9 de maio, as Irmãs dos Pobres de São Francisco organizam uma festa de despedida com música, cantos e presentes. No dia seguinte, depois de mais de duas semanas de alegre celebração, as Irmãs retornam às suas casas.