9 de abril de 1938 – 5 de agosto de 2016
A Escritura nos diz que “daquele dia e hora ninguém sabe” quando Deus nos chamará ao lar. Nos esforçamos, como seres humanos, dando o melhor da nossa capacidade para viver plenamente os dias que nos são dados viver. Irmã Grace Miriam recebeu a notícia inesperada do seu diagnóstico de câncer no final de fevereiro deste ano. Ela não perdeu um minuto para reconhecer a realidade do seu problema de saúde. Ao longo de alguns meses preciosos, ela conseguiu receber a todos os que a conheceram com um abraço de despedida, incluindo visitas, telefonemas, mensagens, pinturas, flores e longas conversas. Ela conseguia falar livremente da Irmã Morte, sem medo, mas com uma expectativa de realização e a esperança de se encontrar com as pessoas que amou nesta vida.
Patricia Agnes Pleiman nasceu em 9 de abril de 1938, como a sétima dos filhos de Edward Pleiman e Margaret Schafer Pleiman. Cresceu numa fazenda da família em Osgood, Ohio e mais tarde em outra fazenda, em Casella, Ohio. No lar em que foi criada a fé era algo tangível. Onde quer que olhasse, Patricia via sinais de fé: em seus pais e irmãos, nas maravilhas da natureza e nos pequenos e grandes acontecimentos da sua infância.
Desde tenra idade, Patricia demonstrava ter um senso de si mesma. Era decidida e realizadora.
E muito consciente de si e do próximo. Estas características marcaram sua vida e a tornaram uma pessoa capaz de assumir riscos por Deus e pelos outros.
Era ainda uma adolescente quando Patricia chegou ao Convento de Santa Clara para fazer uma visita e, logo depois, decidiu entrar no Aspirantado e concluiu a Escola Secundária aos 14 anos de idade. Ela dizia que aqueles anos foram de grande contentamento e felicidade.
Em 1956, Patricia entrou no noviciado e recebeu o nome de Irmã Grace Miriam, que ela manteve durante toda a sua vida. Fez sua Primeira Profissão de Votos no dia 25 de agosto de 1959 e na mesma data, em 1964, fez sua Profissão Perpétua.
Desde os primeiros anos, Irmã Grace (como a chamávamos, carinhosamente) quis ser enfermeira. Concluído o curso inicial na Escola de Enfermagem do Hospital St. Elizabeth em Dayton, Ohio, obteve sua Licenciatura em Ciências de Enfermagem pela Universidade de Dayton, em 1964. E passou seus primeiros anos de enfermagem trabalhando em vários hospitais da Congregação em Dayton, Columbus e Cincinnati.
O Concílio Vaticano II causou um grande impacto espiritual na Igreja, na vida religiosa e também na vida pessoal de Irmã Grace. Ela foi profundamente tocada pelo desafio do Concílio a ler os sinais dos tempos e voltar ao espírito fundador. Esses fatores incidiram diretamente na vida de Irmã Grace na época em que se tornou membro de uma pequena comunidade experimental intencional chamado Comunidade Esperança, em Cincinnati. As Irmãs residiam em um bairro local e cuidavam de todas as suas necessidades do dia a dia; algo muito diferente da vida conventual, para aquela época. No mesmo espaço de tempo, Irmã Grace trocou a enfermagem para o cuidado pastoral e começou a rezar com os pacientes hospitalizados, o que ela achava revitalizante.
Com estas experiências de vida, Irmã Grace discerniu aceitar o convite a se mudar para Nova York e se tornar um membro do núcleo de uma comunidade intencional semelhante à Comunidade da Esperança chamada a Sarsa Ardente. Na época, ela nem desconfiava que aquele convite a residir em Nova York iria se estender por trinta anos.
Ao longo dos anos passados em Nova York, Irmã Grace levou a cabo uma variedade de ministérios, todos de serviço direto aos pobres, inclusive: uma moradia para mulheres sem-teto, enfermagem psiquiátrica no Hospital St. Vincent, um abrigo franciscano para jovens, a Covenant House, serviços de desintoxicação no bairro do Bowery, entre os mendigos, e ultimamente, fundou e dirigiu a Inniss Franciscana House, uma residência transitória para homens toxicodependentes em recuperação.
Ainda em Nova York, Irmã Grace fez estudos de pós-graduação (Master of Arts) no Centro de Educação Teológica, obtendo um Mestrado em Religião e Psicologia, em 1981.
Além de seus serviços ministeriais de extensão, Irmã Grace sempre encontrou tempo e energia para satisfazer as necessidades de sua família e outros entes queridos de maneira muito pessoal e carinhosa.
Em 2007, Irmã Grace voltou para Ohio e passou a residir e ministrar na Grace Place Catholic Worker House of Hospitality, em Cincinnati, uma casa para mulheres pobres em transição de vida.
Em 2010, a Liderança pediu para Irmã Grace considerar abrir um novo ministério focado no fornecimento de acolhida para as mulheres toxicodependentes que se prostituem nas ruas. Ela concordou e o ministério foi chamado Tamar Place (Lugar de Tamar), situado no bairro central Over-the-Rhine. Ao longo dos anos, o ministério testemunhou a recuperação de muitas mulheres graças à aceitação e ao amor incondicional de Irmã Grace. Frequentemente, ouvíamos Irmã Grace se referir às clientes como “as minhas meninas”.
Não somente ela acreditava na bondade intrínseca de cada mulher, e ela conseguiu, mediante o amor, conduzi-las a uma vida mais plena.
Nos últimos meses da sua doença, ela ainda conseguiu comemorar o seu Jubileu dos 60 Anos com alegria e prazer, cercada pelas Irmãs, pelos seus familiares e por pessoas amigas.
Queridíssima Irmã Grace, você foi realmente uma serva fiel, ajudando muitas pessoas com mais de sua vida incrível. Você tocou muitas vidas e tantas almas e agora poderá conhecer e experimentar a plenitude da promessa de Deus da vida eterna.
Obrigada pelo seu testemunho de como se deve viver e morrer . Siga adiante, em paz, e com o nosso amor.
Escrito por: Ir. Marilyn Trowbridge
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Irmã Grace Miriam – Um Ritmo Diferente
Como é rara a alma que compreende e caminha a um ritmo cadenciado,
um tanto estranho, incomum, mas afinal, tão doce.
Ela assumiu riscos na vida, corrigindo o que era errado,
ela viu o bem oculto dentro de tantos outros corações
e os amou assim como eram.
Com a sua força, a sua alegria, aquele seu ritmo diferente
ela estendeu a mão e tocou-nos a todos.
Que milagres são possíveis quando se responde
fielmente ao chamado de Jesus!
Beverly Kaye © 2016