Ir. Mary David Mulroy, SFP

 11 de julho de 1925 – 24 de setembro de 2015

Alguns “anjos” se reuniram em torno da cabeceira de Irmã Mary David Mulroy pouco depois da meia-noite de quinta-feira, 24 de setembro de 2015, preparando-a para elevar seu espírito Àquele que a tinha criado, conforme fôra prometido sessenta e nove anos antes, na sua primeira profissão como Irmã Franciscana de Pobres. Enquanto o corpo frágil de Irmã Mary David ia se debilitando, as Irmãs Ann Cecile Albers, Paula Huecker e Mary Lawrence Vanderburg, sua amiga mais próxima, mantiveram uma vigília de oração por esta mulher vibrante, que tinha vivido com ardor, entusiasmo e convicção sua vocação como mulher religiosa.

Helen Elizabeth Grein e David Joseph Mulroy criaram seus seis filhos em uma atmosfera de calor e amor, imbuída dos valores da fé católica. David sustentava a família como chefe de turma de uma fábrica de vidro em Lancaster, Ohio.  Sua filha, Patricia Ann Mulroy, nasceu no dia 11 de julho de 1925.  Cursou o nível elementar na Escola Católica de Santa Maria e se formou no nível secundário em 1943.  Já no dia 15 de agosto daquele mesmo ano, apenas quatro dias depois de seu aniversário dos dezoito anos, Patricia Ann viajou com a família Mulroy para Cincinnati, onde ela entrou para o Convento e começou sua formação inicial como Irmã Franciscana dos Pobres.  Ao ingressar no Noviciado, Patricia Ann recebeu, com o hábito, o nome de Irmã Mary David.

Após a sua primeira profissão de votos religiosos, no dia 31 de maio de 1946, Irmã Mary David foi missionada ao St. Elizabeth Hospital, em Dayton, Ohio.  Enquanto aguardava o início das aulas da Escola de Enfermagem, praticou seus conhecimentos como profissional de secretaria que tinha aprendido no secundário, nos escritórios do hospital.  Irmã Mary David recebeu seu diploma de enfermagem em 1949 e foi enviada em missão ao St. Mary Hospital em Quincy, Illinois.  Enquanto lá esteve, preparou-se para a profissão dos votos finais, celebrada no dia 3 de maio de 1951.  Em seguida, ministrou sucessivamente nos hospitais das Irmãs Franciscanas dos Pobres em Kansas City, Kansas, e em Columbus e Cincinnati, Ohio, onde continuou a sua educação, participando de vários cursos em teologia e administração hospitalar.

Em 1964, Irmã Mary David respondeu ao chamado da Congregação para ir servir como missionária no Brasil, onde ministrou aos mais pobres dos pobres em Pires do Rio, Ipameri e Goiânia, no estado de Goiás, tendo também atuado como membro da primeira equipe de administração da então Província Brasileira.  Após a morte de seu pai, Irmã Daví, como era conhecida no Brasil, voltou para os Estados Unidos em 1981, onde permaneceu para cuidar de sua mãe doente.  Após o falecimento de sua mãe, ocorrido em 1982, ela retornou ao Brasil, onde passou um ano em Ipameri, Goiás, sendo em seguida missionada como pioneira de uma nova fundação, em Carambeí, no Paraná.
Irmã Mary David voltou de vez para os Estados Unidos em 1989 e passou um tempo se aclimatando à Igreja pós-Vaticano II, e à vida nos Estados Unidos. Partilhando a vida com as Irmãs no Convento Santa Clara, ela assumiu a responsabilidade das finanças da comunidade local.  Atormentada por uma doença cardíaca crônica, Irmã Mary David finalmente se aposentou em 1999.  Como voluntária, ela gostava de manter as comunidades locais sempre informadas sobre os acontecimentos na Área e a nível congregacional, gerindo as correspondências e enviando e-mails, imprimindo artigos e todos os avisos.

Não sendo uma pessoa de ficar parada esperando ser servida, toda vez que se realizava uma reunião ou celebração no convento, Irmã Mary David se prontificava  a ir cumprimentar os visitantes com um sorriso e oferecer direções dentro do edifício.

Ela completou inúmeros quebra-cabeças e apreciava a participação de outras pessoas. Sua coleção favorita era a de borboletas coloridas que ela amava por serem símbolo de Ressurreição.  Vários desses quebra-cabeças foram emoldurados e pendurados na parede, diante da sua porta, na Unidade Magnificat.  Irmã Mary David participava das reuniões congregacionais e das  Assembleias de Área com entusiasmo e não hesitava em fazer perguntas e partilhar suas opiniões por mais desafiadoras que pudessem ser.

Ela se mantinha em estreita relação com seu primo, o Pe. Blaine Grein, OFM, e ficava feliz quando a ia visitar cada vez que retornava a Cincinnati, vindo de suas missões.  Em sua última visita, apenas dias antes de seu passamento, ele deu a ela a extrema unção.
 
Os corredores do Convento Santa Clara parecem mais vazios sem a gargalhada de Irmã Mary David e vamos sentir muito a falta daquele seu olharzinho brincalhão.  Se você fosse procurá-la e não a encontrasse, era só esperar alguns instantes e a sua risada chegaria ao seu ouvido, para que pudesse encontrá-la.  Na recente comemoração do seu nonagésimo aniversário, Irmã Mary David contou com a presença de seu irmão Gene e sua família.  O chef do convento preparou sua refeição favorita: chucrute, purê de batatas, e costeleta cozida, como sua mãe fazia para a família Mulroy.  A quantidade de flores e cartões de felicitações que ela recebeu foi quase emocionante demais para ela.

Em seus últimos meses, Irmã Mary David começou a doar seus pertences e a declinar de certas responsabilidades, preparando-se para a chegada da Irmã Morte corporal.  Sendo uma profunda devota da Mãe de Jesus,  ela passava longas horas em oração, sempre respondendo a solicitações de oração especiais e urgentes que lhe pediam.

Irmã Mary David, pedimos em oração agora, que você possa partilhar sua alegria com as hostes celestiais e que as nossas lembranças da sua vida entre nós, suas Irmãs e sua família, nos faça sorrir e dar graças.  Agora, cada vez que adicionarmos uma peça a um quebra-cabeças, iremos lembrar de você.  E sabemos que você cuida de nós na sua nova vida.

Irmã Arleen Bourquin, SFP


Aqui estão alguns depoimentos das nossas Irmãs, lembrando Irmã Mary David, com carinho:

“Irmã Mary David sempre foi uma pessoa acolhedora.  A porta do seu quarto ficava sempre aberta para quem quisesse partilhar uma boa conversa.  Todos os dias ela se recolhia na capela para lembrar em oração de todas as pessoas que precisavam de uma oração especial.  Sinto muito a falta do seu espírito benfazejo e do seu sorriso de boas-vindas. ” – Irmã M. Clarita Frericks

“Ao lado do maravilhoso dom da alegria e do riso, uma outra qualidade muito especial que sempre admirei em Irmã Mary David era sua bondade ao falar dos outros.  No Convento Santa Clara costumávamos rezar uma bela oração escrita por ela, que inclui estas duas frases: “Dá-nos, Senhor a graça de sermos testemunhas proféticas, colocando em prática o Evangelho deste dia.”  E: “Jesus, permite que as nossas palavras e as nossas ações sejam sempre cheias do Teu amor.”  – Irmã Mary Madonna Hoying

“Sua vida teve um forte impacto sobre cada uma de nós, que vivemos com ela, recentemente:
Alegria –  Irmã Mary David nos conscientizava das alegrias simples da vida: uma bela borboleta no jardim, completar um quebra-cabeças complicado, ouvir uma boa música, e partilhar, com aquele seu humor tão contagiante!
Gratidão –  Um dos maiores dons que ela nos deixou é o da gratidão.  Cada favor recebido, por mais simples que fosse, era retribuído com a mais sincera e efusiva gratidão.  A graça da lembrança desses momentos especiais nos enche de alegria.
Compaixão e Verdade –  Irmã Mary David sabia ouvir e oferecer conselhos com sinceridade e sem julgamento.
Profunda espiritualidade –  Seu profundo amor a Deus e à humanidade foram sempre uma grande inspiração para todas nós.  Teremos de fazer o melhor possível para seguir o seu exemplo.”    – As Irmãs e o pessoal da Unidade Magnificat

“Irmã Mary David tinha um grande coração.  Que o seu amor, guardado em nós, possa continuar tocando a vida das pessoas.” – Irmã Marie Clement Edrich

“Sua risada enchia toda a sala de alegria.  Era uma pessoa cheia de vitalidade,  sempre pronta para compartilhar seus pensamentos sobre o verdadeiro significado da vida.” –  Irmã Madeline Marie Hill

“Irmã Mary David era um exemplo de amor e dedicação.  Era profundamente humilde e não hesitava em pedir desculpas quando cometia um engano.  Que ela descanse em paz!” – Irmã Maria Terezinha de Jesus

 “Somos gratas a Deus pelo dom de sua vida e pelos seus muitos anos de serviço à Congregação, particularmente entre nós, aqui no Brasil.” –  Irmã Helena Paula Carvalho

“Irmã Mary David foi uma pessoa dinâmica, alegre, humilde e atenciosa para com as Irmãs e com todas as pessoas de quem cuidava.  Suas ações mostravam a compaixão e o grande amor que sentia pelos pobres.  Que ela repouse na paz do Senhor!” – Irmã Maria Antonieta Batista

 “Irmã Mary David me ensinou a alegria, a determinação e a coragem.  Fico eternamente grata a ela pelo seu serviço à Congregação, especialmente no Brasil.” – Irmã Lécia José da Silva

“Irmã Mary David era uma pessoa simples, que se entregou totalmente a serviço de nossos irmãos e irmãs em necessidade, a quem ela dedicou muito amor.  Ela demonstrava uma grande devoção à Bem-Aventurada Francisca Schervier e sempre nos incentivou a aprofundar nosso amor pelo seu carisma e nossa compreensão de sua vida.  Seu estímulo à fraternidade  ajudou imensamente a construir as bases da Congregação aqui no Brasil: ela nos ensinou a crescer na unidade.” –  Irmã Tânia Maria Ribeiro Machado

“Estou unida a vocês em oração pela alma de Irmã Mary David.  Lembro-me muito bem dela, quando estivemos no Convento Santa Clara, em 2011.  Ela foi muito simpática para com as nossas Irmãs do Senegal!” – Irmã Jacqueline Compaore