Ir. Rita Marie Donnelly, SFP

Sempre simpática e extrovertida, Irmã Rita Marie Donnelly vivia sempre com uma canção em seus lábios. Conhecida pelas suas cantorias e danças de improviso, Irmã Rita Marie espalhava a alegria franciscana e irlandesa aonde ia.  Em suas horas finais, quando a Irmã Morte veio buscá-la, Irmã Rita Marie se uniu às Irmãs que cercam seu leito em uma familiar “Aleluia”.  No dia 16 de agosto de 2015, Deus chamou Irmã Rita Marie para juntar sua voz ao coro celestial, depois de ter servido fielmente, como Irmã Franciscana dos Pobres, por quase 74 anos.

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Irmã Rita Marie nasceu em Hoboken, Nova Jersey, em 26 de Outubro de 1924, uma das cinco crianças de Maria A. Kelly e Michael J. Donnelly. A família Donnelly frequentava a Igreja de Nossa Senhora da Graça, em cuja escola paroquial as crianças cursaram o nível elementar.  Rita Marie continuou seus estudos na Escola Comercial de Nossa Senhora da Graça.  Durante o ensino médio, ela trabalhou como voluntária na farmácia no Hospital Santa Maria, onde  conheceu Irmã Priscilla Kearney, a farmacêutica, que convidou Rita Marie a considerar uma vocação religiosa.

Depois de terminar o colegial, Rita Marie seguiu os passos de Mary, sua irmã mais velha, e entrou para o Convento Monte Alverno em Warwick, Nova York.  No dia 3 de outubro de 1941, três semanas antes de completar 17 anos, Rita Marie iniciou sua caminhada de completa dedicação a Deus como Irmã Franciscana dos Pobres. Recebeu com o hábito o nome de Irmã Perpétua e, mais tarde, voltou a usar seu nome de batismo, Ela professou seus primeiros votos no dia 26 de abril de 1944, e fez votos perpétuos em 26 de abril de 1949.

Lembrando as experiências que tiveram especial impacto em sua vida durante o período da  formação inicial, ela costumava mencionar que, quando trabalhava numa cozinha da sopa, via sempre um homem bem vestido que entrava e ficava por ali, sentado.  Aparecia quase que diariamente, mas nunca entrava na fila da comida, ia sempre ocupar uma cadeira perto da porta. Um dia, Irmã Rita Marie perguntou à Irmã responsável pelo ministério por que aquele  homem vinha sempre, mas nunca comia e ela respondeu que o homem estava cuidando dos seus pés.  Mais tarde, essa Irmã partilhou com ela a história daquele homem.  Irmã Rita Marie pensava nele frequentemente.  Após muita reflexão, ela percebeu que,  naquele homem simples, ela estava vendo o rosto de Jesus. Desde então, nos seus ministérios, Irmã Rita Marie procurava ver o rosto de Jesus em todas as pessoas que encontrava.

Mudança, adaptação e variedade eram características dos ministérios que ela desempenhou.  Serviu como recepcionista e como diretora do escritório comercial de vários hospitais, e foi administradora do Lar de Idosos Vila de São Francisco em Morris, Minnesota.  Foi também diretora de atividades em outro lar de idosos.  Servindo na Pastoral da Saúde, Irmã Rita visitou diversas cidades do estado de Nova York e de Nova Jersey, como também em Minnesota.

Reconhecendo a profundidade da espiritualidade, a devoção à Congregação e a capacidade de liderança de Irmã Rita Marie, a Liderança Congregacional a nomeou como Mestra das Noviças, em 1956.  Foi preciso obter um ‘rescrito’ (ato administrativo) do Papa para que Irmã Rita Marie pudesse servir nesta função por ainda não ter a idade exigida pelo código de direito canônico. Depois de atuar por quatro anos como formadora, Irmã Rita Marie retornou ao ministério hospitalar por outros dez anos.

Suas habilidades executivas como gerente de escritório provaram ser um grande dom para a Congregação, quando ela serviu como secretária da Província de Santo Antônio (no Nordeste dos Estados Unidos).  Naquela época, de 1966 a 1972 ela participou ativamente nos esforços para expressarmos com maior eficiência o nosso ‘ser Igreja’, como Congregação.

Em 1989, Irmã Rita Marie participou de um programa de formação em ministério pastoral enquando aperfeiçoava suas habilidades executivas no Hospital Santa Maria, em Hoboken. Depois de se transferir para Bayonne, Nova Jersey, ela passou a ser uma voluntária muito ativa no ministério paroquial da Paróquia Stella Maris, inclusive como membro do coro.  Mais tarde, ela se mudou para Allendale, Nova Jersey e entrou para a Igreja do Anjo da Guarda, onde continuou a servir em diversos ministérios paroquiais.

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Sendo extrovertida, ela fazia amizades com muita  facilidade , e partilhava as tradições irlandesas de sua família através da música e da dança nas festas e em outros encontros.  Enquanto vivia no Centro Monte Alverno, um lar de aposentados, ela criava sempre um ar de de festa quando cantava, enquanto os residentes esperavam na fila, na hora das refeições.

Irmã Rita Marie realmente apreciava manter as relações com sua família.  Era muito próxima de Mary, sua irmã mais velha, que passou vários anos como Irmã Franciscana dos Pobres antes de deixar a vida religiosa para seguir  a vocação matrimonial, enquanto trabalhava como funcionária do Hospital Santa Maria, em Hoboken.  Quando eram meninas, as pessoas costumavam chamar Mary e Rita Marie de “as gêmeas Donnelly”, porque eram muito parecidas.  Ao longo de sua vida adulta, essas duas irmãs se mantiveram muito próximas, ao ponto de Irmã Rita Marie solicitar ser sepultada no cemitério da Santa Cruz, em North Arlington, Nova Jersey, ao lado de sua irmã Mary.

Com o aproximar-se do seu nonagésimo primeiro aniversário, a doença tomou conta de sua frágil pessoa e ela precisou ser internada no Hospital Comunitário Santo Antônio.  Quando melhorou, foi transferida para o Pavilhão Schervier, onde era visitada frequentemente pelas Irmãs e cuidada com muito carinho pelo pessoal médico e de enfermagem.

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Irmã Rita, agora que, no céu, você continua cantando louvores a Deus, que você tanto amou durante toda a sua vida, pedimos que você se lembre em oração das necessidades de suas Irmãs.  Ajude-nos a ver o rosto de Jesus em cada uma e naqueles a quem servimos!

Irmã Arleen Bourquin, SFP

Aqui vão alguns depoimentos das Irmãs lembrando Irmã Rita Marie, com carinho:   

“Irmã Rita Marie amava a vida, a música, cantar e dançar.  Apreciava celebrações e gostava muito de estar com as pessoas.  Além disso, era muito franca.  Se encontrava alguma dificuldade com uma pessoa,  assumia essa experiência em espírito de oração e com uma variedade de emoções e sentimentos.  Mas, sempre que necessário, ela procurava compreender e perdoar.”
-Irmã Mary Veronica Donohue

“Vou sentir muita falta de ouvir aquela risadinha gostosa que era tão característica de Irmã Rita Marie.  Tinha um modo todo especial de apreciar as pequenas coisas da vida, e transmitia essa alegria com a sua presença.”
-Irmã Betty Igo

“Guardo muito boas lembranças de Irmã Rita Marie.  Quando entrei para a Congregação, em 1958, ela era a Mestra das Noviças.  Apreciei muito sua acolhida calorosa e seu respeito pela minha pessoa, uma vocação ‘tardia’.  Era uma pessoa amável, com um grande senso de humor.  Ela me estimulou a usar meus conhecimentos e a minha habilidade como enfermeira. Tive o privilégio de ajudá-la em seu último ano, quando fez a difícil transição para vida assistida, no lar de idosos Monte Alverno, depois, na sua admissão ao Hospital Santo Antônio, em Warwick, e quando retornou ao lar, até o agravamento do seu estado de saúde.  Recebia-me com aquele seu senso de humor e suas belas canções, quando eu ia visitá-la.  Agradeço a Deus pela sua vida e simpatia, no meio de nós.”
-Irmã Bernadette Sullivan

“Irmã Rita Marie me proporcionou um poderoso testemunho da beleza do perdão.  Ao entrar em um ambiente comunitário em que não conseguia dar o melhor de si mesma,  ela pediu abertamente a todas as pessoas reunidas o seu perdão.  Acredito que foi um momento sagrado para todos nós, que a ouvimos. Ela tocou nossos corações pela sinceridade com que nos abriu o seu coração .”
-Irmã Marilyn Trowbridge

“Conheci Irmã Rita Marie 20 anos atrás, quando fui trabalhar pela primeira vez no Hospital Santa Maria, em Hoboken, Nova Jersey.  Ela era a epítome da alegria franciscana: sempre com um sorriso alegre e sua melodiosa voz irlandesa.  Tinha um profundo amor a Deus, que ela expressava, não só cantando, mas também na maneira como se aproximava das pessoas para ouvi-las.  Como capelã do hospital, Irmã Rita Marie ia sempre visitar primeiro os pacientes no dia da cirurgia, em seguida, ia caminhando pelo hospital, distribuindo palavras de conforto e alegria aos pacientes, aos funcionários e inclusive aos médicos.  Visitava a maternidade, onde era bem conhecida, e sabia como participar da alegria de um nascimento saudável, ou permanecer com uma família enlutada, quando um bebê nascia morto.  Para falar de algo mais leve, Irmã Rita Marie também me impressionava pelo modo como cuidava da própria saúde. Sempre comia suas verduras e seus legumes, até duas vezes por dia!  Ia para a reabilitação cardíaca e exercitava, determinada a provar que os médicos estavam errados sobre seu estado de saúde.  E conseguiu, vivendo até os 90, em vez de morrer nos seus 60s, como eles tinham previsto!  Foi uma grande alegria para mim, ter partilhado em sua vida!”
-Irmã Jo-Ann Jackowski

“Irmã Rita Marie era a típica irlandesa católica, devota e dedicada, com um grande senso de humor.  Nunca disse não a ninguém que lhe pedisse para fazer alguma coisa.  Se não sabia como resolver uma situação, ela formava uma equipe para ajudá-la.  Era uma religiosa franciscana exemplar!”
-Irmã Grace Frances Strauber