31 de agosto de 1933 – 7 de junho de 2013
Irmã Arlene McGowan sentia-se ansiosa em voltar para casa depois de uma internação de nove dias no Hospital Mercy Mount Airy, em Cincinnati. Havia se submetido a uma cirurgia da coluna para retirar uma porção da vértebra e do disco intervertebral e com isso aliviar a pressão sobre as terminações nervosas que estavam causando dores excruciantes. Sua recuperação resultou em alguns dias bons e outros nem tão bons, mas ela estava firmemente decidida a voltar para casa.
Irmã Arlene recebeu alta do hospital no final da tarde de 6 de junho e foi instalada na Unidade Magnificat, no Convento Santa Clara, onde podia receber os cuidados necessários para a sua contínua recuperação e reabilitação. Na manhã de sexta-feira, 7 de junho, a Diretora da Unidade Magnificat, nossa Afiliada Anne Cabanas, foi verificar se Irmã Arlene precisava de alguma coisa. Pouco depois, quando retornou no intuito de prepará-la para o café da manhã, descobriu que o Anjo da Morte a havia levado para o seu Amado Criador, no lugar que Ele havia preparado para ela no céu. Refletindo, podemos nos perguntar se aquele seu “voltar para casa” tão insistente não se referia a uma casa de tijolos e cimento, mas sim ao eterno lar a ela prometido, quando professou seus votos perpétuos, 54 anos atrás.
Era 31 de agosto de 1933, quando Annette Elizabeth e Richard McGowan tiveram seu segundo rebento, uma menina, à qual deram o nome de Arlene Dorothy, nascida na modesta casa da família, situada em Bloomfield, Nova Jersey. Vivendo em um lar cheio de dificuldades econômicas, Arlene e seu irmão mais velho, Richard, se tornaram muito próximos e se apoiaram mutuamente através dos muitos desafios que acompanharam suas caminhadas. Arlene era uma ávida estudante que ia bem na escola. Embora sua família abraçasse a fé batista, ela fez o curso primário em uma escola católica, a St. Mary Elementary School, em Newark, NJ.
Ao completar seus estudos, Arlene foi premiada com uma bolsa de estudos para participar da Holy Heart Academy, outra instituição católica, também em Newark, NJ. Como estudante, se ofereceu como voluntária no St. Michael Hospital em Newark, onde conheceu as Irmãs Franciscanas dos Pobres. Em algum momento durante sua adolescência, Arlene encontrou uma cópia da biografia de Francisca Schervier por Ignatius Jeiler e ficou tão encantada com o que leu que pediu para ser instruída na fé católica e se sentiu motivada a preparar-se para receber o Sacramento do Batismo e os outros sacramentos da iniciação católica. Depois de sua conversão, Arlene passou a frequentar a Igreja de Nossa Senhora das Graças em Hoboken, NJ. Começou então a explorar também sua vocação religiosa, ao perceber que estava trabalhando com membros da Congregação fundada por Madre Francisca.
Com a idade de dezessete anos, antes de completar seus estudos do ensino médio, Arlene entrou para o Convento St. Anthony, em Warwick, no dia 2 de agosto de 1951, com a intenção de preparar-se para se tornar uma Irmã Franciscana dos Pobres. Era ainda postulante ao concluir seus estudos do ensino médio, e recebeu seu diploma secundário pela St. John High School, em Goshen, NY, em 1952. Irmã Arlene fez sua primeira profissão dos votos em 11 de maio de 1954 e sua profissão perpétua em 8 de setembro de 1959. A recente celebração do aniversário de sua profissão perpétua foi para ela um momento doce e amargo ao mesmo, pois essa data marcou também a morte inesperada de seu amado irmão, Richard.
Depois de concluir o Noviciado, Irmã Arlene foi missionada como assistente de laboratório do St. Anthony Hospital, em Woodhaven, NY. Em seguida, estudou ciências de laboratorio clínico no Marywood College, obtendo sua graduação universitária. Foi então missionada a assumir o cargo de Diretora do Laboratório do St. Mary Hospital, em Hoboken, NJ.
Logo após o Concílio Vaticano II, nossa Congregação respondeu com entusiasmo à oportunidade que ele nos deu de desenvolver uma nova compreensão do nosso carisma original. O Capítulo Geral de 1968 abriu novas possibilidades para efetuarmos as mudanças. Seu amor a Madre Francisca e seus conhecimentos sobre ela e sobre a história da Congregação permitiram a Irmã Arlene fazer contribuições positivas durante o diálogo havido naquele Capítulo, o qual desenvolveu uma nova abordagem para o governo da Congregação. Irmã Arlene foi selecionada como membro da equipe da liderança da costa leste dos EUA por um período de três anos.
Em 1976, Irmã Arlene foi missionada ao novo Providence Hospital para servir como Diretora do Laboratório e lá continuou trabalhando, em vários cargos, por 25 anos. Durante esse tempo, ela participou de programas de atualização sobre como manter um laboratório hospitalar eficaz e para aprimorar suas habilidades gerenciais. Um de seus projetos favoritos foi a criação do Programa Mães e Bebês Sadios para levar atendimento de saúde a mulheres e crianças vivendo em áreas pobres.
Depois que se aposentou do hospital, em 2001, Irmã Arlene passou a servir como Ministra das Vocações Congregacionais, mas continuava interessada em voluntariar em ministérios de saúde e acabou servindo em vários Conselhos Diretores. Foi também chamada a usar suas habilidades em gestão e liderança sempre que novos ministérios e cargos foram desenvolvidos na Área dos EUA.
Entre seus dons especiais, Irmã Arlene possuía uma habilidade fenomenal para lembrar a história da Congregação. Seu amor por Madre Francisca permeava todos os aspectos de sua vida. Dedicada em melhorar as condições de vida dos pobres e dos mais carentes, ela sempre procurou despertar nos outros uma maior consciência das necessidades dos destituídos, ajudando as pessoas a compreenderem como se envolver e ajudar a solucionar seus problemas.
Por mais de 30 anos, Irmã Arlene McGowan manteve, juntamente com Irmã Rose Carmel Berberich, uma comunidade local muito acolhedora. Convidavam outras pessoas a irem passar um tempo convivendo com elas, apesar de morarem em uma casa pequena. Convidavam sacerdotes para celebrar missas regularmente em sua casa, e outras Irmãs e pessoas amigas para irem frequentá-las.
Irmã Arlene também abraçava o espírito franciscano em seus cuidados pelos animais, especialmente os cães sem dono que ela e Irmã Rose Carmel foram adotando ao longo dos anos, assim “espalhando sementes de comunhão e esperança para curar a criação ferida”, conforme o mandato do Capítulo de 2008.
Irmã Arlene, em nossas preparações para o Capítulo Geral de 2013, estamos sentindo muita falta da sua presença. Você sempre serviu como Membro do Capítulo, a partir de 1968. Mediante a sua perspicaz compreensão da história da Congregação e das nossas Constituições, e o seu interesse pessoal pelo direito canônico, você sempre nos ofereceu preciosas informações que nos ajudaram a direcionar nossas discussões. Pedimos a você que esteja espiritualmente presente durante o próximo Capítulo, ajudando-nos a permanecer abertas ao chamado do Espírito e ajudando as Irmãs norte-americanas a estimular as Irmãs mais novas a aceitarem a responsabilidade de ministrar em liderança.
Querida Arlene, queremos dizer a você um até logo, com todo o carinho, agora que você assume o seu lugar entre os santos, na glória celestial.
Irmã Arleen Bourquin