20 de fevereiro de 1930 – 20 de março de 2013
A Irmã Loretta Mick morreu serenamente a 20 de março de 2013, na recém-inaugurada Unidade Magnificat do Convento Santa Clara em Cincinnati, Ohio, aos 83 anos de idade, cercada pelo afeto das Irmãs que vivem no Convento. Durante 66 anos ela serviu fielmente no ministério das Irmãs Franciscanas dos Pobres como professora de religião, inglês e música em várias escolas da Arquidiocese de Cincinnati. A Missa Fúnebre foi rezada a 11 de abril na Capela do Convento de Santa Clara e o enterro teve lugar no Cemitério do Convento.
Edna Martin e Herbert Mick instalaram-se em Hamilton, Ohio, onde criaram as quatro filhas e cinco filhos como membros da Igreja de São José, e os matricularam na escola paroquial. Loretta Jean nasceu a 20 de fevereiro de 1930 dessa numerosa família e teve irmãos mais velhos e mais jovens. O país mal estava se recuperando da grande depressão, de modo que a jovem família tinha de viver frugalmente para prover às necessidades de todos. Mamãe Edna tinha um jeito próprio de preparar as filhas para seu futuro como esposas e mães. A cozinha estava sempre agitada com as meninas que ela reunia a seu redor para ensiná-las a cozinhar. Decidiu que em certa idade elas poderiam aprender a fazer biscoito; outro marco era assar bolo; e finalmente elas aprendiam a arte das tortas. Claro, as que esperavam na fila ficavam ansiosas para ganhar novas aptidões, e tentavam convencer a mãe a deixá-las passar na frente das mais velhas, mas Edna se atinha a seu programa.
Em pequena Loretta contraiu poliomielite, que a deixou com uma perna mais curta e fraca do que a outra. Isto a impediu de disputar com os irmãos e irmãos jogos que exigiam muita atividade física. Mas Edna estava decidida a encontrar uma atividade onde essa filha se pudesse destacar. Apertando ainda mais o cinto juntos, Edna e Herbert conseguiram comprar um piano e pagar as aulas, assim alimentando o natural talento de Loretta e seu amor à música, que durou a vida inteira.
Já mais velha e graciosa, Loretta entrou para a Notre Dame High School em Hamilton, onde começou a descobrir que Deus a chamava para a vida religiosa. Uma vez formada, em 1947, ela saiu da casa da família e, a 15 de agosto, uniu-se às Irmãos Franciscanas dos Pobre em Cincinnati, Ohio. Ao tomar o hábito recebeu o nome de Irmã Therese Carmel, pelo qual seus alunos do tempo de aspirante e de outras experiências iniciais no magistério continuaram a chamá-la até ela morrer. (A Irmã retomaria seu nome de batismo no fim dos anos 60, quando surgiu essa oportunidade.) Após tomar o hábito ela prosseguiu com o programa de formação e professou os seus Primeiros Votos a 3 de maio de 1950. A 3 de maio de 1955, professou os Votos Perpétuos.
Ainda como Irmã com votos temporários, Loretta ensinou latim, inglês, religião e música a aspirantes e frequentou em tempo parcial o Edgecliff College, onde acabou se diplomando em Bela Artes. Durante uma entrevista com a Irmã Paula Huecker, a Irmã Loretta falou de sua paixão por ajudar meninas de colégio a perceber sua vocação. Na época eram estritas as normas que presidiam às atividades dos estudantes as conversações com os professores deviam limitar-se a seus estudos. A despeito das normas, porém, as estudantes traziam questões pessoais que queriam explorar com um adulto. Uma estudante pediu à Irmã Loretta que rezasse por sua irmã, que estava “interessada num bom rapaz”. Algum tempo depois, a Irmã ficou sabendo que o bom rapaz era seu irmão Robert. Suas preces foram ouvidas: Robert e a irmã da estudante se casaram.
Quando o Padre Herman Kenning entrou para o corpo docente que formava as aspirantes, tornou-se mentor da Irmã Loretta, e os dois acabaram muito amigos. Ensinar em várias escolas e ambientes por toda a Arquidiocese de Cincinnati continuou a ser o principal ministério da Irmã Loretta até sua aposentadoria, em 1995. Ela partilhou seu talento musical com os membros da Congregação e visitantes que se reuniam às Irmãs para a missa dominical ou diária na Capela do Convento de Santa Clara. Sua voz de contralto ajudava a manter os hinos ao alcance da maioria das vozes. Ela ensinou às Irmãs jovens os fundamentos da teoria musical e pedia perfeição ao cantar os louvores ao Senhor. A Irmã tinha um amor fervoroso a Deus e às escrituras, e em 1969 obteve um Mestrado em Documentos Eclesiásticos e Sagradas Escrituras na Universidade de St. Mary/Notre Dame.
Após o Concílio Vaticano II, as Irmãs passaram a ter mais liberdade para participar de várias atividades. A Irmã Loretta continuou a manifestar o seu talento musical trabalhando em audições para o coro que atuava com a Orquestra Filarmônica de Cincinnati no histórico Music Hall, e entrando ela própria para o coro. O coro era composto por gente de toda a região, que dava à Irmã a oportunidade para alimentar seu amor pela música clássica e aprender a música dos grandes mestres.
Em consequência da poliomielite contraída na infância, andar era sempre difícil para a Irmã Loretta, mas ela sempre era vista nos corredores com um sorriso no rosto e um riso franco quando alguém contava uma piada ou uma história engraçada. Interessava-se pelas atividades dos outros. Mas à medida que foi passando pelos setenta anos, pelos oitenta, os efeitos tardios da pólio começaram a limitar suas atividades físicas. Passou a sofrer crescentes problemas de visão e audição, embora, como vocês sabem, ela sempre estivesse disposta a cumprimentar os visitantes com um sorriso cordial e tentasse envolvê-los tanto quanto possível nas conversações. Afinal a Irmã se mudou para o Lar Mercy Franciscan Terrace, onde lhe podiam dar o atendimento de que precisava.
Quando o terceiro andar do Convento Santa Clara foi adaptado a fim de permitir às irmãs vida autônoma com assistência, a Irmã Loretta foi uma das primeiras a unir-se à Comunidade Magnificat. Ela ficou encantada de reunir-se ao “lar”. Dez dias após a grande mudança, ela se uniu também ao Salvador em sua morada celestial.
Irmã Loretta: embora já não vejamos o seu andar oscilante nas salas do Convento de Santa Claro, nós a recordamos com amor. Podemos imaginá-la em todas as atividades que um dia sua deficiência a impediu de praticar. O Senhor devia estar precisando de outra cantora, musicista e dançarina quando a chamou para o coro celestial e você nos deixou com um ágil salto para unir-se ao Criador. Agora que está face a face com Ele, por favor se lembre de suas Irmãs, de sua família, seus amigos e todos aqueles cuja vida você tocou na Terra, e receba a nós no dia em que também ingressarmos no coro celestial.
Irmã Arleen Bourquin, SFP